Pode parecer brincadeira, piadinha de internet, mas não é; após firmar parcerias com a Sulgás, Brasken e Consórcio Verde (formado pelas empresas Naturovos e Ecocitrus); a Scania trouxe para o Brasil, em janeiro, o primeiro ônibus movido a gás “biometano”, combustível composto por diversos tipos de resíduos como dejetos agrícolas, fezes de galinha, lodo sanitário (esgoto) e líquidos de aterros sanitários (conhecido por chorume). Além de causar menor agressão ao meio ambiente, após a produção, este combustível sustentável gera também um biofertilizante capaz de aumentar a  produção agrícola em 15% e sem nenhum custo ao agricultor pois o produto lhe é doado!

Esta é a nova aposta da indústria para o desenvolvimento de alternativas sustentáveis para o setor de combustíveis. O biometano já é produzido e comercializado em grande escala na Europa, e não é utilizado apenas em veículos pesados como ônibus, caminhões ou carretas, mas também em veículos de passeio.

O veículo que a Scania trouxe para o Brasil foi montado na Europa, tem 15 metros de comprimento e capacidade para 120 passageiros. Seu motor atende às normas do Euro 6, programa de controle de emissões de gases poluentes com instalação de propulsores eficientes, tecnologia mais avançada do que a disponível em motores brasileiros que atualmente atendem apenas às normas Euro 5. Além de ser abastecido com biometano, ele também foi projetado para receber biogás e o nível de ruídos que emite é muito mais baixo do que um movido a óleo diesel, por exemplo, contribuindo para a redução da poluição sonora.

A Scania acredita que não encontrará dificuldades em nacionalizar este tipo de motor porque 85% dos seus componentes são iguais aos do motor a diesel, produzido no Brasil. Mas este otimismo está voltado para a obtenção de apoio do governo brasileiro para o desenvolvimento do biometano e, em se tratando do nosso país, sem falsa demagogia, ilusão ou fantasia; os ideais sustentáveis da montadora sueca podem acabar frustrados.

O ônibus com motor movido a biometano, se produzido no Brasil, poderá custar 25% a mais do que um modelo semelhante com motor a diesel. Entretanto, seu custo de operação é incomparavelmente menor e sua manutenção é outro ponto positivo pois o custo pode ser o mesmo de um conserto em motor movido a diesel, ou até mais barato.

O biometano é um combustível viável e com produção de baixo custo em razão da imensa oferta disponível de sua matéria-prima formada, basicamente, por material orgânico. Por isso, o Consórcio Verde resolveu investir na construção de uma usina em Montenegro, no Rio Grande do Sul, e os sócios do projeto de produção do gás converteram seus veículos para usá-los com o biometano. São 40 carros que foram adaptados com um ou dois cilindros de 15 m³ cada. O consumo médio de um automóvel de passeio é de 17 km/m³ e com apenas um cilindro é possivel rodar até 255 km.

O cheiro na usina é insuportável, claro, afinal, estamos falando de uma fábrica que usa toneladas de fezes para produzir um combustível. Mas, depois de finalizado o processo de produção, o biometano apresenta-se inodoro, sem cheiro algum.

Além de sustentável, o biometano pode ainda colaborar com alguns dos principais problemas dos grandes centros urbanos que é a falta de local apropriado para o descarte de toneladas de resíduos que são gerados diariamente.

A usina administrada pelo Consórcio Verde, no Rio Grande do Sul, gera 90 mil m³/dia e neste mês de fevereiro o projeto fará uma chamada pública para incentivar novos parceiros a produzir o biometano com o objetivo de chegar a uma produção diária de 200 mil m³ após resolução que autoriza a venda de biometano no Brasil, publicada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) no último dia 30 de janeiro.

A Auto Peças Molina torce para que o projeto seja expandido para todo o território nacional afim de tornarnos o Brasil um país bom para nós, nossos filhos, netos, bisnetos e todas as futuras gerações!