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História: o carro do saudoso pontífice

O alemão comprou o carro de um colecionador e vai levá-lo à cerimônia de canonização do Papa João Paulo II.
O alemão comprou o carro de um colecionador e vai levá-lo à cerimônia de canonização do Papa João Paulo II.

Quase desconhecido mundo afora, os carros poloneses FSO Warszawa também tiveram seus anos de glórias.

A Polônia tornou-se parte da União Europeia em 1º maio de 2004 e foi a concretização de um sonho para esse país de história turbulenta, que durante séculos fora dividida entre dois impérios – o alemão e o russo – e que quase sumiu do mapa, que nos lembramos de um de seus cidadãos mais ilustres, o saudoso Papa João Paulo II, Karol Wojtila. E, curiosamente ou não, na Polônia também se faz carros. E com nome bem complicado para nossos ouvidos latinos.

A empresa Warszawa Fabryka Somochodow Osobowych – FSO – foi fundada em 1946. A produção das instalações iria se dedicar a automóveis, ônibus, motocicletas e acessórios.

O FSO Warszawa foi um automóvel fabricado pela FSO entre 1951 e 1973. O seu nome teve origem na capital da Polônia, Varsóvia, que em polaco se designa como Warszawa. A primeira versão, o Warszawa M20, Zeran, nos arredores da capital, um dia antes do aniversário da revolução russa, em 6 de Novembro de 1951. Nesse dia, saíram da linha de produção, 5 unidades resplandecentes, calorosamente recebidas pelo público que assistia. Eram os primeiros automóveis produzidos na Polônia do pós-guerra. Rapidamente se tornaram um símbolo nacional.

A fábrica possuía capacidade para fabricar até 25 000 unidades por ano, mas a produção do M20 nunca atingiu este nível. A explicação reside no fato da sua construção ser bastante ineficiente, exigindo quantidades excessivas de materiais e de mão de obra. Foram utilizadas peças soviéticas até 1956, ano em que passaram a ser exclusivamente polacas. Foram fabricados 254.471 exemplares entre 1951 e 1957. Eram muito populares como táxis, em virtude da sua rigidez e resistência. Porém, dado o seu peso elevado, eram caracterizados por uma potência insuficiente e um consumo elevado. Hoje, na Polônia, é um carro popular utilizado em eventos, como casamentos e outras cerimônias.

O segundo modelo, o Warszawa 201, foi fabricado entre 1957 e 1964, altura em que foi substituído pelo Warszawa 223, fabricado até 1973. Destes modelos, existiram versões sob a forma de ambulância, carrinha de caixa aberta, táxi e, até mesmo, para deslocação sobre carris de caminho de ferro. Existiu ainda o Warszawa 210, como protótipo, em 1964, mas nunca foi fabricado comercialmente na Polônia.

Atualmente, um fato interessante ocorreu por esses dias. Sabemos de nossa paixão por carros, mas um cidadão alemão, admirador de carros antigos nos surpreendeu. Partiu na segunda-feira, dia 14, de Berlim rumo a Roma atrás de um carro polonês de 1958, que pertenceu a João Paulo II. O Papa João Paulo II adquiriu um Warszawa em 1958, quando exercia o cargo de bispo de Cracóvia. O veículo nunca foi conduzido pelo Papa, mas sim pelo seu motorista. O objetivo de Marek Schramm é levar o antigo carro de Karol Wojtyla para o Vaticano, onde no próximo dia 27 o Papa João Paulo II será canonizado, ou seja, declarado santo pela Igreja Católica.

Schramm, como tantos outros milhões de cidadãos, é um admirador do falecido papa e sentou atrás do volante do FSO Warszawa, ostentando uma placa “JP2”, em homenagem ao pontífice, para fazer a longa viagem de Berlim à Itália, segundo informações da agência de notícias France Presse. O itinerário inclui ainda uma passagem por Cracóvia, cidade polonesa onde Karol Wojtyla foi arcebispo antes de sua eleição surpresa ao papado em 1978. Schramm, de 45 anos, é um agente imobiliário de Ilmenau, e comprou o veículo há dois anos de um polonês chamado Piotr Staszczyk. A placa original do veículo, KR9613, foi substituída pela inscrição ILJP2H, em homenagem ao Papa João Paulo II.

Segundo o alemão, o carro atinge uma velocidade de 115 km/h. Ele passou mais de 2.500 horas cuidando da reforma do veículo antes de dar início à viagem.