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Automóvel ou bicicleta? Trânsito ou ciclovias? O que mais pode ser tão polêmico?

A expansão das ciclovias em São Paulo é alvo constante de grande polêmica, provocando declarações das mais variadas, a favor e contra.    

 

É um assunto que não sai da boca do povo paulistano, desde que a prefeitura anunciou e começou a implementação de 400 km de ciclovias na cidade. A medida em que a rede cicloviária cresce, o discurso por parte da população paulistana pipoca nas redes sociais, principalmente, com direito a um sabor exótico, ou seja, com uma mistura de emoções: da celebração à manifestações diárias. Seja para elogiar a estratégia de mobilidade, seja para criticar, o que está bombando é o fato de as ruas perderem vagas de estacionamento e de o governo não ter consultado moradores antes de pintar a rua de vermelho.

 

A iniciativa de se criar estrutura para os ciclistas de forma abrangente e interligada é ótima, não há dúvidas, mas em meio a situações perigosas, com acontecimento de morte ocorrida, o que realmente pensamos? A cidade está preparada para ter ciclovias? O trânsito para os carros vai ficar ainda pior? Mas não é perigoso pedalar em ruas tão movimentadas? Bom, elogios e reclamações são dos mais variáveis níveis!

 

Ciclovias com muitas ressalvas contras e a favor.
Ciclovias com muitas ressalvas contras e a favor.

Esse projeto é uma das principais metas da gestão do atual do Prefeito Fernando Haddad (PT). A iniciativa é polêmica e sendo alvo constante de ações na Justiça, dividindo não só quem vive na cidade, mas também sua classe política. O Ministério Público Estadual (MPE) alega que a Prefeitura não apresentou estudos de viabilidade técnica e projetos de engenharia que comprovam o planejamento para implementação desse modal de transporte na cidade. E por aí vai! E também, nos parece que as ciclovias viraram obsessão dentro da Prefeitura de São Paulo!

 

Mas tenhamos bom senso e como cidadãos da maior cidade do Brasil, citamos alguns pontos relevantes de apoio a implantação de ciclovias em São Paulo, como:

 

– A construção de ciclovias em São Paulo (e em qualquer outra cidade brasileira) é uma iniciativa que representa um enorme passo em direção a uma cidade mais justa, mais inclusiva e mais democrática.- Mesmo que ainda existam pontos de melhora, que as ciclovias ainda não estejam totalmente conectadas e que não atinjam toda a cidade, elas representam melhor aproveitamento do viário, com mais segurança e saúde para seus cidadãos, menos estresse, menos congestionamento e menos mortes no trânsito.

 

– Ciclovias são boas para o comércio, pois ciclistas são clientes potenciais que passam em baixa velocidade e não exigem grandes áreas de estacionamento, podendo facilmente parar em frente a uma vitrine, entrar numa loja, conhecer um serviço.

 

– O uso da bicicleta é benéfico à saúde dos cidadãos, pois o simples fato de usar a bicicleta como transporte os afasta do sedentarismo e de todos os problemas de saúde deles decorrentes. A atividade física regular previne doenças cardíacas e AVCs, hipertensão, ajuda a controlar o diabetes, aumenta a resistência aeróbica, reduz a obesidade, ativa a musculatura de todo o corpo, diminui a incidência de doenças crônicas, faz bem para a saúde do idoso e aumenta a expectativa de vida.

 

– A bicicleta traz economia para o cidadão, pois os custos com compra, utilização e manutenção são muito menores que o do automóvel, representando redução de gastos até para quem a utiliza em substituição ao transporte público.

 

Agora, vamos citar algumas causas e entender o porque de tanto ódio, tantas críticas e insatisfações que esse projeto de mobilidade vem sendo demonstrado por outra parcela da propulação paulistana:

 

1) O efeito que a diminuição do espaço das avenidas para tráfego de veículos teve nas condições já horrendas de trânsito na cidade. O trânsito ficou mais estrangulado em certos trechos da cidade, e, como resultado, se gasta mais tempo agora para ir do ponto A ao ponto B.

 

2) O efeito do volume do comércio que a instalação das faixas em certas avenidas teve. Muitas ciclofaixas ocupam o espaço do acostamento, antes utilizado para estacionamento. Sem locais próximos para estacionar, muitos estabelecimentos comerciais tem reportado queda nas vendas – um efeito talvez pequeno, mas esperado. Pode-se incluir nessa conta também o ônus que o fim do acostamento criou para moradores do bairro que perderam espaço para estacionamento.

 

3) As suspeitas de que o programa vitrine do prefeito está eivado de corrupção. A revista Veja SP fez uma matéria na qual alega ter feitos contas mostrando que cada quilômetro de ciclovia até então criado custou ao contribuinte paulistano cerca de R$ 650 mil. Claro que a Prefeitura desmentiu a reportagem, e diz que o custo de cada quilômetro de ciclovia é de R$ 180 mil, estando, portanto, mais ou menos “em linha” com o custo de ciclovias construídas em outras capitais ao redor do mundo.

 

4) A percepção de que muitos trechos das ciclofaixas criadas na cidade foram criados sem embasamento técnico (previsão de uso, avaliação de impacto, análise de custo-benefício), o que talvez explicasse a impressão de muitos de que não há tráfego de bicicletas em muitos trechos das ciclofaixas criadas na cidade.

 

5) A implantação de ciclovias em locais públicos sem o devidos “bicicletários” correspondentes. Afff…

 

Afinal, ficamos com o automóvel ou a bicicleta? Considerando tudo isso, não há dúvida que o programa de construção de ciclovias da Prefeitura de São Paulo será insuficiente para promover a mudança no uso de veículo que se deseja. Os questionamentos virão por anos e anos luz pela simples razão de um lado aumentar o congestionamento no trânsito, sobre os relativamente mais pobres, que levarão agora mais tempo para percorrer o seu trajeto casa-trabalho-casa. E de outro lado, porque em geral beneficia usuários de bicicleta, um grupo relativamente pequeno mas com crescente poder de lobby.

 

Bom, muito mais do que agora, e num futuro próximo, fique óbvio como essas ciclofaixas foram uma má ideia. Esperamos estar errados.

 

 

#AutoPeçasMolinaéCríticaeInformação 😉