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“Amaciar” o motor. Lenda ou necessidade?

Motor: o coração do carro.
Motor: o coração do carro.
Motor: o coração do carro.

O motor do seu carro zerinho agora será completamente lubrificado e terá todas as suas peças ajustadas conforme a maneira que for conduzido. Esta história de estender as marchas, subir o conta-giros e fazer o ponteiro da velocidade ultrapassar a marca dos 100 km/h, ou mais, nos primeiros percursos de um carro zero para “amaciá-lo” melhor é lenda.

O amaciamento de um motor deve existir mas tem de ser como um início de namoro; tem de pegar com carinho, nada de pisar forte antes dos 1.000 km. O sistema de filtros e bombas como a bomba de óleo, por exemplo, precisa ser banhada completamente em seu fluído para que válvulas e pistões sejam desbastados aos poucos. Se o conta-giros for mantido ao máximo e a velocidade superior aos 100 km/h antes de o carro completar 1.000 km de percursos não haverá o amaciamento adequado do motor.

Amaciar o motor não tem nada a ver com melhorar o desempenho do veículo, mas sim fazer com que o motor perca as asperezas da superfície, acomodando suas partes que têm movimento. Ou seja, todo motor é amaciado, só depende do motorista fazer da maneira correta.

Walter Fontana, professor de engenharia mecânica da Unisinos, afirma que todo motor que sai da montadora tem rugosidades. Nas primeiras vezes que suas peças entram em contato há um desgaste mais rápido do que o do restante de sua vida útil. Esse desgaste é benéfico ao motor pois faz com que a superfície solte partículas e limpe sua aspereza.

“Parte dessas partículas vai para a bomba de óleo. Amaciar o motor significa cuidado com as primeiras acelerações do carro e fazer uma troca de óleo mais cedo mandando embora a sujeira que está na bomba”, explica Fontana. O manual do carro traz as informações sobre como acelerar na primeira vez para não desgastar demais o motor.

Com o amaciamento, as peças se acomodam e entram na forma necessária para atingir o desempenho esperado. O recomendado, geralmente, é não ultrapassar a marca de 4.000 rpm. “Os carros novos sempre apresentam material particulado, mesmo que em uma taxa constante”, lembra o professor.

Portanto, amaciar motor na reta da rodovia dos Bandeirantes com RPM acima de 4.000 e velocidade ultrapassando os 130 km/h antes de o carro completar seus 1.000 km de rodagem é, além de desnecessário, prejudicial ao seu carro e ao seu bolso.

Antes de sair rodando com o veículo novo, a principal dica é ler as orientações do manual. Nele estarão as indicações de velocidade nos primeiros quilômetros rodados, para que seu motor se acomode da maneira correta, aumentando sua vida útil e garantindo o desempenho.